Provavelmente você come alimentos geneticamente modificados com
frequência e nem saiba disso. O advento da produção de organismos
geneticamente modificados trouxe discursos sobre como esses alimentos
poderiam reduzir os índices de pobreza e acabar com a fome no mundo.
Duas décadas depois, os transgênicos ainda dividem a opinião pública e
geram desconfiança.
Os principais questionamentos dos céticos são sobre as implicações
éticas, econômicas, sociais, políticas e de saúde pública. Muita gente
teme possíveis efeitos negativos para os seres humanos e para o
meio-ambiente a longo prazo com a manipulação genética da natureza, já
que o produção de alimentos transgênicos em larga escala é relativamente
recente.
Será que podemos ficar tranquilos ao ingerir alimentos geneticamente
modificados? De acordo com a Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde
(OMS), sim.
As organizações são unânimes em afirmar que os transgênicos são
seguros. Elas defendem que a tecnologia de manipulação genética
realizada sob o controle dos protocolos de segurança não representa
maior risco do que as técnicas agrícolas convencionais de cruzamento de
plantas.
A história dos alimentos geneticamente modificados
Mas afinal, o que são alimentos geneticamente modificados? Por que eles começaram a ser produzidos?
Organismos geneticamente modificados (OGM) são manipulados geneticamente para favorecer características desejadas, como a cor
ou o tamanho de uma espiga de milho. Os mais famosos OGM são os
transgênicos, ou seja, os organismos que recebem parte do DNA de outro
organismo. Também é possível alterar um gene sem DNA externo.
Apesar da produção em larga escala dos OGM ser recente, a história da
manipulação genética das plantas tem pelo menos 10 mil anos, quando os
seres humanos começaram a escolher os melhores grãos de cereais para
plantar, os que produziam quantidades maiores e cresciam mais
rapidamente, excluindo sementes com genética desfavorável à agricultura e
cruzando as melhores plantas.
Mas, mesmo que as pessoas saibam domesticar as colheitas há milhares
de anos, não quer dizer que elas entendiam porque tudo acontecia. Só no
século 19, com a experiência de Gregor Mendel com ervilhas, a ciência
genética moderna surgiu. E foi apenas na década de 1970 que os
cientistas Herbert Boyer e Stanley Cohen foram capazes de afetar
diretamente a expressão do genoma de uma planta. Essa intervenção
direta, conhecida como engenharia genética, envolve mutação, exclusão ou adição de material genético para alcançar o efeito desejado.
A capacidade de suportar pragas é apenas uma das características
positivas que foram alcançadas com a modificação transgênica. Desde a
primeira safra de OGM plantada em 1994, cientistas e empresas agrícolas
conseguiram criar culturas resistentes a doenças, com melhores valores nutricionais, com validade mais longa e até produzir produtos farmacêuticos.
Atualmente, 85% das lavouras de milho do Brasil e dos Estados Unidos
são variedades transgênicas. A soja brasileira – consumida pela
população no óleo de cozinha, leite de soja, tofu, bebidas e outros
produtos – é transgênica, na maior parte. Quase um terço das imensas
plantações de soja no país são variedades geneticamente modificadas. Em
2001, a Empresa Brasileira para Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ligada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conseguiu
aprovação para o cultivo comercial de uma variedade geneticamente
modificada do feijão. As sementes devem ser distribuídas aos produtores
brasileiros ainda em 2014. Assim, o prato do brasileiro recebe cada vez
mais alimentos modificados geneticamente.
Riscos
Todos os dias, os seres humanos consomem entre 0,1 e 1 grama de DNA
em sua dieta. Portanto, os transgenes de plantas geneticamente
modificadas não são um material novo para os sistemas digestivos, além
de estarem presentes em quantidades ínfimas. No milho transgênico, os
transgenes representam cerca de 0,0001% do DNA total.
Décadas de pesquisa indicam que o DNA não tem toxidade direta na
alimentação. Pelo contrário, uma pesquisa de 1999 mostrou que
nucleotídeos exógenos desempenham papeis importantes do intestino e
sistema imunológico.
Apesar da enorme desconfiança da população europeia com alimentos
geneticamente modificados, a União Europeia, como parte da iniciativa
Europa 2020, gastou uma década (e centenas de milhões de euros)
investigando a segurança e a eficiência dos OGM, e descobriu que eles
não representam riscos à saúde dos cidadãos.
O maior perigo dos OGM é que uma nova cultura em ascensão leve
agricultores a produzirem apenas a nova variedade de um alimento, e
cultivá-la em excesso. Assim, se surgir uma praga inesperada da qual a
planta não esteja protegida, ela poderia ser devastada e até mesmo
entrar em extinção. Os efeitos econômicos seriam devastadores.
Outra questão é que as corporações agrícolas que desenvolvem os OGM
viram proprietárias das sementes. Isso pode levar a um potencial abuso
ou manipulações forçadas que obriguem os agricultores a comprar sementes
apenas de uma empresa, e seus respectivos agrotóxicos.
Tudo indica que os alimentos geneticamente modificados não são uma
ameaça, apenas mais uma ferramenta que deve ser utilizada de forma
inteligente. Assim como a tecnologia nuclear tem sido utilizada para
destruir cidades ou produzir energia, a modificação genética pode ser
valiosa – ou negativa – para a sociedade, dependendo do modo como a
utilizarmos. [GizModo/Wikipedia/Terra]
Nenhum comentário:
Postar um comentário