Vesículas liberadas por células de tumor colaboram para disseminar a doença dentro do corpo.
Uma pesquisa internacional publicada nesta semana (dia 27) na revista Nature Medicine,
com a participação de pesquisadores brasileiros do Hospital A.C.
Camargo, poderá ajudar a descobrir biomarcadores de disseminação de
câncer, a metástase. Esses marcadores podem ser usados para detectar as
metástases em estágio ainda muito inicial ou serem usados para o
desenvolvimento de drogas que impeçam o desenvolvimento da doença. A
chave para essas futuras aplicações está nos exossomos, pequenas
vesículas liberadas pelas células do corpo, inclusive as tumorais. Os
pesquisadores conseguiram identificar proteínas presentes em exossomos
provenientes de células de melanoma, o mais grave entre os tipos de
câncer que atingem a pele, que participam do processo metastático desses
tumores.
Todas as células do corpo liberam de modo controlado essas minúsculas
vesículas que têm seu conteúdo solúvel recoberto por uma membrana
semelhante à celular. Essas vesículas carregam proteínas e material
genético como RNA mensageiro e microRNA. Depois de liberadas pelas
células, as microvesículas podem circular pelo corpo por meio do sangue
ou do sistema linfático.
Segundo o atual estudo, liderado por David Lyden do Weill Cornell
Medical College, localizado nos Estados Unidos, as células tumorais
liberam exossomos que seguem até a medula óssea. Ali, eles recrutam células e as educam
para participar do processo de metástase. “Essas células ‘educadas’
migram para um órgão específico do corpo e o prepara para receber as
células tumorais que formarão a metástase”, conta a bioquímica Vilma
Martins, pesquisadora do Hospital A.C. Carmargo, uma das autoras do
trabalho. Ainda não se sabe como é escolhido o órgão onde as metástases
se instalarão. “Pode ser que as vesículas também contenham essa
informação”, completa a bioquímica.
Além de circular pelo sangue, os exossomos podem estar presentes em
líquidos secretados pelo corpo como urina e saliva. Por isso, a presença
das vesículas nesses fluidos serviria como um biomarcador relevante
sobre o processo de metástase.
O próximo passo dos pesquisadores será identificar os componentes das
microvesículas liberadas por vários tipos de tumores e de que forma
esse conteúdo participa do processo tumoral e metastático. “Essa é uma
área da biomedicina que tem crescido nos últimos anos e deve trazer
resultados muito relevantes não apenas no entendimento e no tratamento
do câncer, mas também de outras patologias como as doenças
neurodegenerativas e cardiovasculares”, ressalta Vilma.
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