Toxina botulínica
Dra. Lúcia Helena Mercuri
Granero é médica fisiatra, coordenadora do Ambulatório de Bloqueio
Químico do Hospital São Paulo da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP).
Toxina botulínica é um composto altamente venenoso. Segregada pelas bactérias Clostridium botulinum e Clostridium parabotulinum,
que se desenvolvem em enlatados ou nos alimentos mal conservados, já
causou inúmeros envenenamentos. Ao penetrar no organismo, ela provoca
náuseas, mal-estar, vômitos e fraqueza muscular progressiva.
Caracteristicamente, as pálpebras caem (ptose palpebral).
O comprometimento da contração muscular é responsável pela falta de
ar e dificuldade de deglutição que acometem o paciente. Quando a
quantidade de toxina é muito grande, a pessoa morre em pouco tempo.
Para entender o que acontece, é preciso lembrar que, entre o músculo e
os nervos, há uma placa responsável pela transmissão do estímulo
nervoso que produz a contração muscular. A toxina botulínica age nessa
placa, dificultando a transmissão do estímulo e levando ao relaxamento
da musculatura. É dessa propriedade fisiológica que advém sua utilidade
terapêutica. Nos últimos vinte anos, foram apresentados vários trabalhos
mostrando que, numa concentração bem baixa, ela pode ser usada para
relaxar músculos contraídos, sintoma de patologias como as lesões
cerebrais.
Todos conhecem o efeito da toxina botulínica, quando usada com
finalidade estética para atenuar rugas do rosto. A musculatura relaxa e a
expressão fica menos contraída. Esse é, porém, seu uso marginal, porque
há outros muito mais importantes para garantir a qualidade de vida de
alguns pacientes.
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